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29 janeiro 2008

FUMAR !?


O tabaco e o correspondente vício de fumar é tema, agora, recorrente.
São os fumadores que censuram o legislador fundamentalista, que lhes retira a liberdade !
São os obesos, que se alarmam sobre se não se encontrará em perigo o seu direito à gordura !
São os bêbados, preocupados que lhes seja interdita a embriaguez !
São os empresários da noite, da restauração e outros, que se queixam que a proibição lhes retira o ganha-pão !
È o próprio legislador, que se questiona sobre o âmbito e os limites da proibição !
Os cronistas e os colunistas estão simultaneamente satisfeitos por tanto poderem opinar sobre o assunto, e zangados por, também, se sentirem vítimas ! Pois, há cronista ou colunista que se preze que não seja viciado fumador ?

Longe vão os tempos (literários) em que o cigarro podia ser [saboreado e fonte de libertação de todos os pensamentos]:

E a realidade plausível cai de repente em cima de mim,
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos,
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar
mal-disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela
.
(in UM AMOR FELIZ, David Mourão-Ferreira, pág. 73)


(imagem de alemvirtual.blogs.sapo.pt)